C.G. Jung foi o grande precursor do movimento Transpessoal.
Foi a ruptura com Freud devida a rejeição de algumas das suas teorias por serem incompletas (principalmente a teoria da sexualidade como sendo a base do nosso funcionamento existencial) que obrigaram Jung a se questionar. Através da grande crise existencial que ele atravessou, foi capaz de ter acesso as dimensões espirituais da psique, aos estados modificados de consciência, ao poder da fé etc.
Permitindo enfim separar o que era psicopatológico dentro do religioso e o espiritual mas no entanto inerente á condição de humano desde o inicio dos tempos.(os mitos, o inconsciente colectivo, os arquétipos)
Grandes nomes da psicologia como Vítor Frankl, Stanislav Grof, James Fadiman, Antony Sutich e Abraham Maslow oficializaram a Psicologia Transpessoal em 1968, enfocando o estudo da consciência e o reconhecimento dos significados das dimensões espirituais da psique.
Podemos também citar dois psicólogos fundamentais na elaboração de novas técnicas terapêuticas baseadas da psicologia Transpessoal: R.Assagioli (1888-1974) que criou a Psicosíntesi e R.Desoille (1890-1966) com o Rêve éveillé dirigido.
Abraham Maslow (“pai”do movimento Transpessoal)acreditava que vivenciar o aspecto transcendente era importante e crucial nas nossas vidas. Pensar de forma holística, transcender dualidades como certo, errado, bem ou mal, passado, presente e futuro é fundamental. Ele declarava que sem o transcendente ficaríamos doentes, violentos e niilistas, vazios de esperança e apáticos.
Maslow criou a famosa Pirâmide das Necessidades Humanas.
Alem das necessidades fisiológicas, ele aponta pela necessidade de segurança, pela necessidade de amor e de pertencia, a necessidade de auto-estima e para terminar as necessidades de auto-realização.
A maioria dos psicólogos daquela época estudavam as pessoas que tinham problemas psicológicos mas, Maslow decidiu de estudar pessoas felizes e bem sucedidas. Ele acreditava que os seres humanos queriam ser felizes e amados mas que tinham necessidades importantes (e vitais) a serem preenchidas antes de poder agir de um modo altruísta. Ele achava que as pessoas queriam mais do que tinham e que uma vez que uma pessoa encontrava suas necessidades básicas, iriam desenvolver necessidades superiores.
Dizia que:« Logo que um desejo é satisfeito, outro surge automaticamente
para substituí-lo»
A teoria da Psicologia Transpessoal se alicerça na aceitação que o ser humano é um ser holístico (físico, emocional e espiritual) que busca transcender os aspectos pessoais do ser, elevando-o a uma condição totalmente espiritual, o que permite que o paciente se sinta aceite na sua totalidade, sem julgamento, enfocando sempre a parte “saudável” do seu ser - sem obviamente esquecer a parte ”doente”- mas justamente aceitando que ele é um “todo” e que a patologia pode ser utilizada como “um trampolim” para a realização da sua existência.
Está capacidade é também chamada nos dias de hoje de: RESILIÊNCIA.
A resiliência tem que ver com a capacidade de um indivíduo para ultrapassar os traumatismos e construir-se apesar das feridas. O funcionamento resiliente edifica-se através de um jogo complexo de processos defensivos de ordem intrapsíquica e de factores de proteção internos e externos. O estudo da resiliência vem completar o campo da psicologia clínica e da psicopatologia ao constituir um novo modelo fundado na abordagem do sujeito encarado na sua globalidade, com os seus recursos e os seus processos defensivos assim como com as suas fragilidades.
É importante salientar um aspecto da abordagem Transpessoal que é a exploração dos estados de modificação de consciência que deverá ser feita com muita cautela (a regressão por exemplo)
É importante antes de trabalhar a parte Transpessoal verificar como está a parte pessoal.
Muitas pessoas hoje em dia “fogem” da realidade nessa procura de mundos paralelos sem ter feito uma terapia que trabalhasse realmente as relações familiares na infância através da relação de transferência projectada no psicoterapeuta (terapia clássica).
Pulsões, frustrações, mecanismos de defesas, emoções desagradáveis e muito intensas como a raiva ou a depressão precisam ser identificadas conscientemente e transformadas antes de passar ao Transpessoal. É por esta razão que hoje em dia muitas pessoas caem na psicose por ter forçado esta outra dimensão, sem ter uma base psíquica sólida muitas vezes por ter-se deixado “seduzir” pelo discurso de falsos “profetas” com sede de poder. (seitas por exemplo)
Para concluir, podemos dizer que no caso, em que uma verdadeira terapia tenha sido efectuada previamente com um terapeuta ético, pode-se entrar nas dimensões do Transpessoal. Só neste caso, os resultados serão verdadeiros e gratificantes.
© Nathalie Durel-2006-Todos direitos reservados
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