De uns anos para cá, o termo Alfa para designar um garanhão ou uma égua supostamente “dominante” têm sido ouvido frequentemente. Com a moda dos “encantadores de cavalos” tem aparecido um novo tipo de “etólogos” que afirmam alto e forte que os cavalos em liberdade obedecem a um código social no qual existe um macho ou/e uma fêmea dominante em toda manada digna deste nome.Hoje em dia, observar cavalos em total liberdade (nos quais o homem não “mexeu” em nada) está cada dia mais difícil. Quase não existem cavalos verdadeiramente LIVRES!Os verdadeiros etólogos equinos como a Dra. Lucy Rees que virá ministrar um workshop excepcional em Junho na Quinta do Cavalo Kiron, observa há muitos anos manadas de cavalos em liberdade nos lugares mais afastados do planeta como na pampa Argentina. Ela NUNCA observou que existia um ou uma Alfa, nem um Beta ...nem um Omega. O que ela observou, são códigos sociais nos quais todos se respeitam, se protegem, colaboram e funcionam sempre pelo melhor de todos e cada um. As vezes, se pode observar uma égua mais velha que poderá tomar certas iniciativas como educadora e um garanhão mais afastado que tem o direito de “cobrir” as éguas até que um dia um garanhão mais jovem obtenha este direito. Então...onde foram buscar esta ideia do Alfa? Quem tem cavalos em semiliberdade como nos temos, pode facilmente cair neste erro. Devido a facto de não haver alimentação natural nos espaços deles, cada vez que levamos o feno, podemos observar brigas. E é sempre o mesmo que é o primeiro a comer, é sempre a mesma segunda que comerá a seguir etc.Isto pode fazer-nos acreditar que o primeiro a comer é o Alfa e o ultimo, o Omega mas não é....Trata-se de uma projecção e fantasia típica de humanos predadores que somos, que acham que a sociedade dos equinos é igual a nossa, na qual é o mais forte que ganha. Este Alfa humano (como o suposto Alfa equino), em muitos casos, faz uso de comportamentos de desrespeito, agressividade e manipulação para com os outros para alcançar os seus objectivos. Nada a ver com um líder respeitoso que faz uso de amor e sabedoria. Nada a ver com a sabedoria antiquíssima dos equinos que sabem usar naturalmente da liderança do grupo no qual todos e cada um têm o mesmo valor, é respeitado, amado e valorizado porque cada um tem a sua importância para a sobrevivência de todos. Por esta razão, quando os sábios como o Buddha falava de fazer a nossa Jornada interior para nos mudar antes de querer mudar os outros, ele se referia ao potencial que cada um tem para mudar a sua família, a sua sociedade e o mundo.
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